
Sulfato Ferroso na Gestação
- 24/06/2021
- 2
Muitos estudos realizados ao longo dos anos demonstraram que a incidência de anemia por deficiência de ferro em gestantes era alta e prejudicava tanto mãe quanto bebê. Mediante este problema foi instituído em 2005 o Programa Nacional de Suplementação de Ferro (PNSF) que implantou a suplementação universal de sulfato ferroso em gestantes, principalmente à partir da 20ª semana de gestação até o 3º mês, após o parto ou aborto.
A anemia por deficiência de ferro é a carência nutricional de maior magnitude no mundo, sendo considerada uma carência em expansão em todos os segmentos sociais, atingindo principalmente crianças menores de dois anos e gestantes.
Embora ainda não haja um levantamento nacional, estudos apontam que aproximadamente metade dos pré-escolares brasileiros sejam anêmicos (cerca de 4,8 milhões de crianças), com a prevalência chegando a 67,6% nas idades entre 6 e 24 meses. No caso de gestantes, estima-se uma média nacional de prevalência de anemia em torno de 30%. A deficiência de ferro decorre, principalmente, da quantidade insuficiente de ferro na dieta para satisfazer as necessidades nutricionais individuais. Como resultado da deficiência de ferro prolongada ocorre a anemia, um dos fatores mais importantes relacionados ao baixo peso ao nascer, à mortalidade materna e ao déficit cognitivo em crianças.
O ferro é um dos minerais mais abundantes na crosta terrestre e nos organismos. Participa da síntese da hemoglobina, mioglobina, além de ser co-fator de uma série de reações enzimáticas. Durante a gravidez, vários processos fisiológicos fazem com que a demanda desse micronutriente tenha um incremento significativo, o que torna necessárias maiores ingestão e absorção de ferro. Sabe-se que, durante a gestação, a quantidade de ferro absorvida nos intestinos aumenta, mas, mesmo assim, a maioria das gestantes não ingere quantidade satisfatória desse mineral, o que torna explicável a suplementação oral da dieta com ferro
A anemia por deficiência de ferro é a deficiência nutricional mais prevalente em gestantes e qualquer outro tipo de paciente no mundo, particularmente nos países em desenvolvimento. Durante a gravidez, ocorre um aumento significativo na demanda metabólica pelo ferro, decorrente de uma hemato-poese aumentada, que contribui para o estado hipervolêmico característico do organismo gestacional. Além disso, existe um aumento de demanda pelo crescimento do feto e uma necessidade de compensar eventuais perdas durante o processo do parto. No feto, além da formação da hemoglobina, o ferro é essencial para o desenvolvimento do Sistema Nervoso Central através da síntese de enzimas responsáveis pelo metabolismo cerebral
É natural assumir, portanto, que durante a gestação a mulher tem risco aumentado de sofrer pela carência desse mineral e essa situação é sabidamente responsável por acometimento da saúde materna e fetal. A deficiência de ferro é correlacionada com aumento da mortalidade e morbidade materna, parto prematuro, baixo peso ao nascer, dentre outros
A anemia por deficiência de ferro é um estado carencial em que os níveis de hemoglobina se encontram abaixo de 10,5 a 11 g/dL. Observa-se que, durante a gestação, os limites de referências inferiores são menores que em pacientes não grávidas devido à hemodiluição, que acontece como processo natural no curso da gestação; no entanto, os valores de ferritina, que sinalizam as reservas totais de ferro, permanecem acima de 30 microgramas/litro, como verificado em mulheres não grávidas.
A gestante apresenta queda de absorção do ferro no primeiro trimestre gestacional e aumento de cinco e de nove vezes na absorção do ferro no segundo e terceiro trimestres gestacionais, respectivamente. Apesar desse processo fisiológico, estudos nutricionais demonstraram que a maioria das gestantes tem aporte inadequado de ferro na dieta, o que justificaria a suplementação de ferro em gestantes para suprir a demanda desse mineral.
Atenção!
As crianças e/ou gestantes que apresentarem doenças que cursam por acúmulo de ferro, como anemia falciforme, não devem ser suplementadas com ferro, ressalvadas aquelas que tenham a indicação de profissional competente. Havendo suspeita dessas doenças, a suplementação não deverá ser iniciada até a confirmação do diagnóstico. Os seguintes sintomas e sinais são comumente observados em pessoas que têm anemia falciforme:
- Anemia crônica;
- Crises dolorosas no corpo;
- Palidez, cansaço constante, icterícia (cor amarelada, visivelmente identificada no interior dos olhos);
- Feridas nas pernas;
- Constantes infecções e febres; e
- Inchaço muito doloroso nas mãos e nos pés de crianças.
Caso a criança e/ou a gestante apresente os sinais e os sintomas mencionados acima, encaminhe-as ao médico ou a uma unidade de saúde onde possa ser realizado o diagnóstico mais detalhado e lembre-se de não suplementá-las com sulfato ferroso.
Fontes: Brasil. Ministério da Sáude. Biblioteca do Ministério da Saúde. BVSMS. http://bvsms.saude.gov.br/
http://files.bvs.br/upload/S/0100-7254/2011/v39n5/a2524.pdf nutricao.saude.gov.br/docs/geral/manual_ferro.pdf
Imagem: Envato Elements
Mário Castande
Gostei imenso da indicação médica.
No entanto, me preocupa da minha filha que. não come não, ou seja, não tem boa apetite, ela não se preocupa nas comidas.
O que faço?
Alô Mãe Paulistana
Olá Mário Castande, bom dia! Agradecemos a mensagem. Precisamos de maiores informações para conversamos melhor sobre. Por favor, entre em contato com a nossa central, pelo 0800 200 0202 e solicite falar com um dos nossos enfermeiros.